Para alguns, a cooperativa é a solução para o
seu problema. Contudo, desde sua formaçao e, principalmente a manutenção da Coopeativa é sempre realizado com dificuldades, chegando em muitos casos, à fatalidade da falência.
É importante você considerar, e ajudá-las a
compreender, que a cooperativa é uma forma de organização
e não um negócio em si mesmo. Por exemplo, o negócio
de um grupo de costureiras não é a cooperativa, mas
a confecção e comercialização de roupas.
A cooperativa é a forma de organização que
elas podem escolher para viabilizar o negócio de confecção.
Isso significa que um dos primeiros passos a serem considerados
é a viabilidade do próprio negócio. E aí,
partimos para a recomendação básica em qualquer
início de atividade empresarial: estudo de viabilidade econômica.
A estratégia de enviar algumas perguntas para
o grupo responder, também é válida e importante:
a) A necessidade de trabalho, produção,
crédito é sentida por todos os interessados?
b) A cooperativa é a solução
mais adequada? Ou uma associação poderia ser o primeiro
passo?
c) Já existe alguma cooperativa nas redondezas
que poderia satisfazer aos interessados?
d) Os interessados estão dispostos a entrar
com o capital necessário para viabilizar as cooperativas?
e) O volume de negócios é suficiente
para que os cooperantes tenham benefícios?
f) Os interessados estão dispostos a operar
integralmente com a cooperativa?
g) A cooperativa terá condições
de contratar pessoal qualificado para administra-la e um contador
para fazer a contabilidade da cooperativa, que tem características
específicas?
h) Existe mercado para os produtos ou serviços
a serem oferecidos?
Essa é a fase do famoso planejamento, que é dificil de ser realizado e
gasta um tempo razoável para ser executado de forma correta.
As pessoas tendem a não considerá-la necessária
e querem partir para algo mais prático. Seu desafio será
o de manter o grupo motivado nessa fase e fazê-los compreender
a importância desse estudo.
Ressalto que montar uma cooperativa do ponto de vista jurídico é
burocrático, mas não é nada complexo. Complicado
é mantê-la funcionando e garantindo os resultados esperados
a partir da sua fundação.
Uma
cooperativa é uma organização eminentemente
coletiva. A própria legislação exige um mínimo
de 20 pessoas para sua constituição. Essa característica
é a sua vantagem e também um grande complicador.
Na maioria das vezes nem todas as pessoas envolvidas já tiveram
algum trabalho juntos. Então você terá pessoas
que ainda não se estruturaram em um grupo organizado, com
objetivos comuns e, o que é fundamental, capacidade para
trabalhar coletivamente.
Isso é tão complicado, que tem sido motivo para fechamento de muitas
cooperativas.
Vejam que no nosso caso, foram necessários, para
formar a Cooperecon, 20 pessoas. O grande sentido para se formar essa organização era
basicamente o de gerar ou aumentar a renda do grupo.
Imagine
que hoje, cada cooperante queira ter uma retirada de 1 salário
mínimo por mês: R$622,00.
Para apenas gerar essa renda para todos os cooperantes, essa cooperativa
teria que ter líquido superior a R$ 20.250,00 por mês. O que, dependendo
da situação, é praticamente impossível.
Na prática a cooperativa não atenderá os anseios
dos indivíduos e ainda estará gerando algum tipo de
despesa. O primeiro movimento dessas pessoas, tão logo vejam
que seus anseios não estão sendo atendidos, será
o de abandonar a cooperativa deixando uma série de problemas
para os que ficarem.
Nem sempre organizar uma cooperativa é a melhor opção,
muito embora seja esse o desejo das pessoas e, aparentemente a solução
mais viável, pode se transformar em um problema muito grande
conforme o modo como ela foi organizada. Um bom estudo de viabilidade
econômica permitirá vislumbrar qual a real necessidade
do mercado e se uma cooperativa é a melhor forma para que
o grupo atenda seus objetivos.
Uma sensibilização consistente sobre o que é
e como funciona uma cooperativa, responsabilidades de cada um no
processo, com certeza será um bom inicio de trabalho.
Uma
dimensão importante a ser considerada é a empresarial
de uma cooperativa. Ela só conseguirá atender as necessidades
de seus cooperantes, gerando os benefícios esperados, se
ela for eficiente na sua relação com o mercado. Isso
significa capacidade de gestão, capacidade técnica
e capital de giro.
O que normalmente ocorre é que de repente, um grupo de pessoas
que algumas das vezes é competente na gestão do seu
próprio negócio individual ou, na maioria das vezes,
competente na execução de determinado serviço,
se tornam sócios de um empreendimento coletivo. Assim empreendimento
cooperativo será maior que as atividades individuais de cada
cooperante, isso exigirá procedimentos e práticas
diferentes das quais eles estão habituados.
No caso de cooperativas de crédito isto é mais tranqüilo,
pois o ramo de crédito é um dos mais organizados e
regulamentados do cooperativismo. Normalmente eles tem Centrais Cooperativas responsáveis pela organização
do ramo de crédito, tem equipes de consultores especializados
na montagem dessas cooperativas e que dão apoio a grupos
que as querem constituir.
Mais complicado são outros ramos
que não
tem essa estrutura. O nosso grande desafio é transformar trabalhadores em empresários.
Esse salto pode fazer a diferença no sucesso da Cooperativa. Pensem na experiência que você já tem!
Muitas vezes as pessoas esperam resultados financeiros rápidos
e com quase nenhum investimento, isto é muito claro nos grupos
de trabalhadores de baixa renda que tentam organizar cooperativas.
Como todo negócio, ela também exigirá um tempo
de maturação para gerar os resultados esperados. Essa
distância entre as necessidades imediatas das pessoas e o
amadurecimento do negócio, tem contribuído para o
fechamento precoce de cooperativas que, no seu início, eram
promessas de êxito.
Nesse aspecto são válidos os estudos que apontam como
causa da alta mortalidade de empresas no nosso país, a falta
de conhecimentos gerenciais.
Dessa forma, no seu trabalho de apoiar a constituição
de uma cooperativa, vale a pena considerar a inclusão de
algum tipo de apoio gerencial.
Já
tivemos experiências também com demandas de organização
de cooperativas por Prefeituras e outros órgãos públicos.
É importante avaliar os interesses envolvidos nessas demandas,
pois muitas vezes são meramente políticos, havendo
uma preocupação maior com a constituição
da cooperativa do que propriamente com a sua sustentabilidade.
Esteja atento para filtrar esses interesses, deixando claro as necessidades
de apoio para uma cooperativa ter sucesso, amarrando principalmente
as responsabilidades do órgão demandante com o processo
de constituição e acompanhamento da cooperativa.
Após passar a fase de achar que a Cooperativa é uma forma de diminuir gastos com
os trabalhadores, podemos entender que o nosso ramo, o cooperativismo de trabalho, é um dos
que mais cresce em nosso país e um dos que mais gerou problemas.
Esse ramo do cooperativismo foi usado muitas vezes como forma de
sublevar os direitos dos trabalhadores, fraudando os mesmo, transgredindo
os princípios trabalhistas e da doutrina do cooperativismo,
bem como leis benefícios e direitos adquiridos.
Precisamos nos firmar no mercado. Para isso precisamos identificar demandas, oportunidades e, principalmente, entender o funcionamento do mercado para que possamos nos antecipar e usufruir de novas oportunidades.
Não deveremos trabalhar como “coopergato”. O jargão do cooperativismo define as cooperativas
de trabalho fraudulentas que exploram os trabalhadores.
Alguns Cuidados devem ser tomados, tanto em relação
a contratantes de seus serviços, quanto de contratantes de
serviços para elas:
Ao se contratar uma cooperativa é preciso haver um contrato
de prestação de serviços, descrevendo detalhes
do escopo, número de cooperados envolvidos, descrição
funcional do trabalho, tempo de prestação dos serviços,
quais os parâmetros de produtividade e o padrão da
qualidade dos serviços a serem prestados.
Quem contrata, avalia o que segue:
1) Solicita 1 cópia do Estatuto Social da cooperativa;
2) 1 cópia do CNPJ e da inscrição municipal;
3) 1 cópia da ata da última assembleia geral ordinária;
4) 1 cópia do portfólio dos profissionais da mesma,
ou mesmo o catálogo dos produtos ou serviços prestados
- veja quais são os seus clientes, e...
5) Liguam para um cliente escolhido, para certificar-se da legalidade
jurídica, técnica e comercial da cooperativa.
O Curriculum da Coopeerativa deve estar atualizado e atraente para não gerar dúvidas e perdas importantes, muito menos, desconfiança.
Acompanhe a evolução dos serviços prestados
para desenvolver confiança e criar a tradição
de relacionamento.
Uma cooperativa não é uma agência de emprego
ou de trabalho, é uma empresa sujeita às leis de mercado:
Tem que ter Utilidade Social, oferecer serviços a preços
adequados com qualidade e dentro dos prazos de conclusão
negociados.
Ela pode fracassar em função de uma má
definição de sua atividade econômica, de sua
localização, do perfil de seus profissionais e da
incapacidade de seus administradores.
De modo geral, o custo das cooperativas de trabalho confere uma
menor carga tributária e trabalhista, resultando numa economia
comparada, com as empresas mercantis-normais, de 25 a 35% menores.
Um
dos grandes desafios para o cooperativismo de trabalho é
o de minimizar reclamações trabalhistas em contratos
com cooperativas. Toda fiscalização do Ministério
do Trabalho irá procurar Vínculos Empregatícios
entre o prestador e o tomador de serviços. É importante
eliminar as 3 condições que decorrem em problemas
trabalhistas:
(1)
Pessoalidade: Evitar que "João e Maria façam
sempre a mesma coisa no mesmo lugar";
(2)
Pontualidade: Eliminar evidências de hora marcada, para início
e fim da jornada de trabalho, demandando apenas o tempo total dessa
jornada - Fugir do velho conceito do "Bater Ponto";
(3)
Subordinação: Criar a figura real do Gestor, sócio-cooperado,
com a função de condenar os demais sócios junto
ao tomador de serviços, sendo o intermediador e o interlocutor
entre os representantes desse tomador e os sócio-cooperados
nos diversos serviços.
Há
também, necessidade de se elaborar um contrato nos termos
a seguir:
1. Qualificação das Pessoas Jurídicas:
Quem é o tomador do serviço;
Prestador de Serviços – Cooperecon....
2.
Descrever o escopo dos serviços a serem prestados, com descrição
das tarefas, setores envolvidos, padrões de qualidade e produtividade,
tempo da jornada de trabalho, efetivo por setor - tarefas em número
de sócios-cooperados (sem nomeações).
3.
Princípio de gestão - Com gestor designado no contrato
(sem nomeações) para condenar as ordens de serviços
com base na descrição contratal das tarefas-setores.
Exigir garantias de que não haverá interferências
do tomador dos serviços e de seus prepostos sobre o ritmo
de trabalho dos sócios-cooperados da Cooperativa.
4.
Prazo de prestação de serviços.
5.
Preço mensal pela prestação dos serviços.
6.
Outras clausulas usuais de contratos.
É fundamental considerar na demanda por organizar uma cooperativa,
alguma forma de acompanhamento posterior à fase de organização.
É após organizada e funcionando que os problemas realmente
aparecem. Como está sendo a divisão do trabalho? Como
está funcionando a rotina de produção? Como
está o relacionamento entre as pessoas?
Temos que entrar na rede cooperetivista do Brasil!
Fonte:http://www.sebraemg.com.br/culturadacooperacao/cooperativismo/consideracoes.htm
Adptado por: Idaildo Souza