21 de mai. de 2010

Tipos de Bens

Em economia, costuma-se classificar os bens de acordo com o seu comportamento frente
à variação de preços e renda.

Classificação frente à variação na renda
Bens normais: são aqueles cuja demanda aumenta quando a renda cresce.
Exemplo: o crescimento da renda dos trabalhadores provoca aumento da demanda por perfumes.
Bens inferiores: são aqueles cuja demanda diminui quando a renda cresce.
Exemplo: normalmente quando os bens atingem o fim do seu ciclo de vida passam a se comportar como bens inferiores. O televisor em preto e branco pode ser dado como exemplo. Com o surgimento do televisor em cores, mesmo o aumento de renda não foi capaz de aumentar a demanda por televisores em preto e branco, uma vez que ele representava uma tecnologia ultrapassada. A carne de segunda poderia ser um outro exemplo. Em geral, os bens de baixa qualidade possuem esse comportamento.

Classificação frente à variação de preços:

Bens complementares: são bens consumidos conjuntamente (exemplo: café é açúcar).
Exemplo: um aumento no preço do café tenderia a reduzir não só a sua quantidade demandada, mas também a do seu complementar, o açúcar.
Bens substitutos: são bens consumidos concorrentemente (exemplo: carne e frango).
Exemplo: um aumento no preço da carne tenderia a reduzir a sua quantidade demandada e aumentar a do seu substituto, o frango.
Bens comuns: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando os preços diminuem. É a própria Lei da Demanda, que será
Exemplo: a maioria dos bens obedece a essa regra.
Bens de Giffen: são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando os preços aumentam.
Exemplo: são raros os exemplos de bens de Giffen. O pão para os consumidores de baixa renda pode ser considerado um bem de Giffen.
Comentário: Para os bens de Giffen, o efeito renda é muito superior ao efeito substituição.

Restrição Orçamentária

Os recursos disponíveis são escassos. Assim, de uma forma geral, não podemos consumir bens e serviços na quantidade que gostaríamos. O nosso salário é um bom exemplo de uma limitação com a qual somos obrigados a conviver. Nós não podemos gastar mais do que ganhamos. Em economia, essa limitação recebe o nome de Restrição Orçamentária.
A equação de restrição orçamentária de um indivíduo que possui uma renda R e consome uma cesta formada por dois bens 1 e 2 pode ser escrita na forma: P1Q1 + P2Q2 = R.

Comentários:
(i) Todos os pontos que se encontram abaixo da curva de restrição orçamentária representam possibilidades de consumo, entretanto, por não representarem situações em que os recursos orçamentários sejam utilizados em sua totalidade, não constituem pontos ótimos de consumo. Conseqüentemente não maximizam o bem-estar do consumidor.
(ii) Os pontos que se encontram acima da curva de restrição orçamentária representam impossibilidades de consumo, tendo em vista a indisponibilidade de recursos orçamentários.
(iii) O ponto ótimo de consumo é justamente aquele no qual os recursos orçamentários são utilizados em sua plenitude e que os bens sejam consumidos na proporção desejada pelo consumidor, de modo a maximizar o seu bem-estar. O ponto que concilia essas duas condições é justamente aquele em que a curva de restrição orçamentária tangencia a curva de indiferença.

12 de mai. de 2010

Atividades

As atividades para o dia 18 de maio já foram encaminhada ao e-mail da Turma. Acessem e aproveitem para iniciar e concluir.

Tais atividades comporão a N2.


Msc. Idaildo Souza

1 de mai. de 2010

SOBRE O CONCEITO DE UTILIDADE MARGINAL



1- Introdução: O que determina o valor dos bens? Essa é uma pergunta que durante um longo tempo consumiu o tempo de diversos teóricos da Economia. Vejamos a seguir as diversas respostas dadas a essa pergunta até se chegar à conclusão atual de que os bens possuem valor se forem escassos, ou seja, se forem úteis e limitados em quantidade.
1.1-Valor-Trabalho: Os economistas clássicos britânicos Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823) explicaram a origem do valor no trabalho, ou seja, um bem vale o custo do esforço físico envolvido na sua obtenção. O caçador que perseguiu e capturou um coelho ao final de duas horas de trabalho, se for trocá-lo, irá querer um peixe que também demorou duas horas para ser pescado. A teoria do valor-trabalho estabelece que todos os bens que valem, e por isso são trocados, incorporam trabalho. Apenas o trabalho constitui a riqueza.
1.2- Mais-Valia: Usando a teoria do valor-trabalho, Karl Marx (1818-83) defendeu que a acumulação de riqueza ocorre por causa da exploração dos que trabalham. Ele propôs o conceito de mais-valia.
Alguém resolve lavar pratos em um restaurante e combina com o proprietário que durante oito horas lavará quinhentos pratos em troca de $10. Tanto para o trabalhador como para o dono do restaurante, o pagamento de $10 compensa o esforço de oito horas de trabalho. Se o dono do restaurante comprar uma lava louça eletrônica, o empregado será capaz de lavar os quinhentos pratos em apenas seis horas. O trabalhador irá agora trabalhar apenas seis horas ou receber mais pelos pratos lavados nas duas horas excedentes? Possivelmente nenhuma das duas situações: nem o trabalhador deixará o local de trabalho nem o patrão irá pagar mais. O número de pratos lavados na sétima e oitava horas mede a mais-valia: o valor a mais de trabalho não pago ao trabalhador que é apropriado indevidamente pelo empregador. Este é um exemplo de mais-valia relativa. A mais-valia absoluta ocorreria se o dono do restaurante fosse capaz de obrigar o empregado a fazer hora extra sem remunerá-lo. O economista moderno argumentaria que o capital (no exemplo, a lava louça) também aumenta a produtividade. Marx, porém, achava que apenas o trabalho gera valor.
1.3- Valor-Utilidade: Economistas clássicos franceses como Jean-Baptiste Say (1767-1832) achavam que a utilidade explicaria o valor. O pescador que não come carne não vai trocar peixe por coelho, mesmo que o coelho incorpore as mesmas horas de trabalho. O valor dependeria apenas da utilidade subjetiva proporcionada pelo bem a determinada pessoa. Esta é a teoria do valor-utilidade.
1.4- Utilidade marginal: Retomemos o nosso ponto de partida, quando afirmamos que a teoria moderna de valor começou com Adam Smith (1776), David Ricardo (1817) e vários outros autores que compõe o grupo da Escola Clássica de Economia. E que estes autores explicavam a formação dos preços, basicamente, pelos seus custos de produção. Se uma mercadoria "A" custava, para ser produzida, o dobro que a mercadoria "B, o preço de "A" seria duas vezes maior que o preço de "B".
Mas ficava evidente que essa análise era muito imperfeita. Como os custos dependem do volume de produção, e (na maioria dos casos) quando o volume de produção aumenta os custos caem, uma análise da teoria dos preços precisaria levar em consideração a demanda pelas mercadorias.
O estudo da demanda de um produto é relacionado com sua utilidade. Mas os economistas clássicos tinham uma certa dificuldade para lidar com o conceito de utilidade na formação dos preços. Criaram o paradoxo do pão e do brilhante: como o pão, que é tão útil, é tão barato e o brilhante, de utilidade relativa, é tão caro? - perguntavam-se eles, sem obter resposta.
A criação do conceito de utilidade marginal, que floresceu no final do século XIX, veio trazer a resposta ao paradoxo e hoje é a base teórica da análise econômica da demanda.
O valor da utilidade marginal se define como sendo o valor, para o consumidor, representado por uma unidade adicional de alguma mercadoria.
Assim, a teoria do valor gerado pela escassez combina as duas abordagens clássicas. Os bens possuem valor se forem úteis (como na abordagem francesa) e limitados em quantidade (como na abordagem britânica). A utilidade é condição necessária, mas não suficiente, para um bem possuir valor. Já o trabalho possui valor porque é, ele próprio, simultaneamente útil e limitado em quantidade.
A teoria da escassez também pode ser interpretada como utilidade marginal. Alguém desfruta de certa satisfação ao tomar um sorvete. Talvez ainda aumente a sua utilidade ao tomar um segundo sorvete. É possível que um terceiro sorvete a sacie e um quarto lhe cause mal-estar. A pessoa pode até ficar doente se tomar cinco sorvetes.
Mais e mais unidades de sorvete não trazem uma satisfação sempre crescente. A pessoa racional vai pensar "na margem", ou seja, em cada unidade de sorvete a mais. Há um limite máximo em determinada quantidade e a sua satisfação vai depender dessa quantidade ótima.
Tomemos outro exemplo: para um consumidor que esteja com fome, a primeira fatia de pão tem uma utilidade enorme. Essa utilidade vai decrescendo à medida que se vai adicionando mais unidades. A décima fatia de pão já representará uma utilidade bem menor que a primeira. A trigésima fatia de pão terá uma utilidade quase nula e a centésima poderá até ter uma utilidade marginal negativa se causar, em nosso consumidor, uma indigestão.
Assim, a utilidade inicialmente aumenta, atinge um máximo e depois declina. É a lei da utilidade marginal decrescente: a utilidade marginal do bem diminui com o aumento do seu consumo.
Outro aspecto importante que se precisa ressaltar é de que não se deve confundir a utilidade total com a utilidade marginal. Enquanto aquela mede o grau de utilidade ou de satisfação de um consumidor a ele trazida por uma dada quantidade de um bem, esta mede o acréscimo de utilidade proveniente da adição de uma dose ou unidade do bem em questão. Não importa ¬pois, o quanto ele já tenha de um certo produto; importa, isto sim quanto a mais de satisfação ele espera obter de uma nova dose ou unidade, na margem, como se diz tecnicamente. Sucede, assim, que quando a utilidade total é máxima, isto é, não pode crescer, a utilidade marginal é zero, justamente, por não haver qualquer acréscimo de prazer a ser trazido pela nova unidade consumida.
Concluindo, a expressão "marginal" tornou-se muito utilizada em Economia e com o significado de acréscimo. Desta forma, utilidade marginal mais não é do que o acréscimo de utilidade que se verifica quando é consumida mais uma unidade do bem. Enquanto não é atingida a saciedade, a utilidade marginal é sempre positiva, ou seja, existirá sempre algum acréscimo de utilidade quando é consumida mais uma unidade do bem. Contudo, devido à Lei das Utilidades Marginais Decrescentes este acréscimo de utilidade é cada vez menor. Por exemplo, quando se consome a primeira maçã, é retirada uma determinada utilidade; ao consumir a segunda maçã a utilidade total aumenta mas o incremento é inferior ao que se verificou com o consumo da primeira maçã; quando se consome a terceira maçã, supondo que ainda não se atingiu a saciedade, a utilidade volta a aumentar mas o incremento volta a reduzir-se.
2- Revolução Marginalista é o nome que se deu ao surgimento, quase simultâneo e independente, no final do século XIX, de uma série de obras que trouxeram os fundamentos para uma nova concepção da Economia, e que contribuiram para transformá-la numa ciência exata.
Essa pretensão programática - a transformação da Economia Política em Economia (Ciências Econômicas) - tem nas obras de Menger (1871), Jevons (1871) e Léon Walras (1874) seus momentos decisivos, e é justamente para designar essa explosão múltipla que se cunhou o nome Revolução Marginalista.
A análise da demanda se tornou possível pela teoria da utilidade, inventada primeiramente pelo funcionário público Herman Heinrich Gossen (1810 -1858) na Prússia em 1854, que criou, num raro e desconhecido livro em alemão, a "Segunda Lei de Gossman" ou a "Lei dos rendimentos Marginais Decrescentes". Seu trabalho, entretanto, foi desprezado por seus contemporâneos e permaneceu totalmente desconhecido até 1878. Na década de 1870 Karl Menger na Áustria (1871), Léon Walras na França (1874-77) e W. S. Jevons na Inglaterra (1871), quase que simultaneamente, recriaram de forma independente o conceito inicialmente descoberto por Gossen, que então foi amplamente divulgado.
Desde Smith até Marx, os economistas clássicos acreditavam que o valor dos bens era derivado do emprego de trabalho na produção da mercadoria. Coube aos economistas neoclássicos (Walras, Jevons e Menger) refutar essa teoria, anunciando que não era o trabalho que determinava os preços de uma mercadoria, mas sim, a utilidade/escassez do bem. A teoria clássica do valor-trabalho - argumentavam os neoclássicos - não respondia como poderia o pão (mercadoria que exige trabalho em sua produção) ser um produto mais barato em relação a um diamante que não tinha emprego de mão-de-obra e, não obstante, valia muito mais.
Além disso, os economistas neoclássicos descobriram uma variável importante na determinação do valor de um bem que é a subjetividade do indivíduo, variável que fundamentou outra relevante contribuição: a lei da utilidade marginal.
É fácil de entender. Imagine que um indivíduo esteja necessitando adquirir uma televisão e esta custe R$ 600,00, e, digamos que este sujeito ache razoável pagar esse valor por uma TV. A partir do momento que ele comprar a televisão, a pessoa satisfaz a sua necessidade (daí o valor utilidade), e, com isso, certamente não pagará o mesmo valor por uma segunda televisão, mesmo que seja idêntica. Em outras palavras, para este sujeito, uma segunda televisão não valeria os R$ 600,00 pago pela primeira, pois esta satisfez sua necessidade mais urgente, ao passo que uma segunda televisão não valeria tanto, segundo seu juízo voluntário, livre e subjetivo.
Para este sujeito, esta segunda televisão ficaria praticamente sem utilidade e, por isso, ele já não valora tanto. Mais ainda, seria no caso desta mesma pessoa adquirir três televisores. Certamente a terceira TV não teria utilidade nem uma e nem mesmo haveria lugar para alojá-la e, com isso, o indivíduo não estaria disposto a pagar nem mesmo R$ 100,00 ou qualquer preço que fosse.
Notem que, de acordo com o comprador de televisão, os valores que ele atribui ao bem, na verdade, estão determinados independente da quantidade de trabalho que foi empregada no fabrico do produto, e, que, no momento que ele satisfaz sua necessidade ao comprar uma televisão, imediatamente reduz o valor de uma segunda unidade. Essa é a lei da utilidade marginal que determina que quando uma unidade satisfaz a necessidade, uma segunda unidade do mesmo bem se torna menos importante, e, portanto, não tem o mesmo valor da primeira.
Outro exemplo simples de compreender a falsidade da teoria do valor-trabalho, afirmam os críticos da teoria marxista sobre valor, é o seguinte. Experimente construir um carro a mão. Digamos que você leve dois anos para deixá-lo em condições de transitar nas ruas. Será que os consumidores pagarão pelo menos umas cinqüenta vezes mais do que o preço de uma Ford Montana zero km, que leva menos de dois dias para ser produzida e, portanto, carrega uma carga de mão-de-obra infinitamente menor que seu calhambeque com 730 dias de força de trabalho. Definitivamente, seu carro estaria carregado de mão-de-obra, mas desprovido de qualquer valor. Na melhor das hipóteses, estaria muito longe do seu correspondente esforço.
Outro erro observado pelos economistas neoclássicos a respeito da teoria do valor-trabalho, é que uma vez aceita essa teoria, decorre por dedução lógica que simplesmente não haveria prejuízo e todos os empreendimentos, toda a produção existente na terra encontraria correspondente demanda pelos preços determinados pelo emprego de trabalho e não pelo julgamento livre, voluntário e subjetivo dos consumidores, pois os bens seriam comprados necessariamente acima do preço de custo. Se o postulado do valor-trabalho fosse verídico estaria garantida a prosperidade eterna, pois a possibilidade de ocorrer falências estaria definitivamente erradicada.
Por fim, concluem os críticos do marxismo que foi o erro dos clássicos acerca da teoria do valor permitiu que Marx construísse sua teoria da mais-valia e por extensão a teoria da exploração. E, uma vez refutada a teoria do valor-trabalho (estrutura das teorias de Marx), cairia por terra todo o edifício teórico erigido por Karl Marx em O Capital.
Mais tarde Alfred Marshall, na Inglaterra, aprofundou essas análises em seu livro Principles of Economics (Princípios de Economia), de 1890, e passou a considerar que os preços são determinados simultaneamente por fatores de custos e de demanda. A análise de Marshall também reconhece as complexas interdependências que ocorrem num sistema de preços, com a demanda e a oferta de várias mercadorias interagindo e se afetando reciprocamente.
Adaptado por Msc Idaildo

Sobre a Escola Austríaca ou de Viena ou Psicológica

A Escola Austríaca (também conhecida como Escola de Viena ou Escola Psicológica) é uma escola de pensamento econômico que enfatiza o poder de organização espontânea do mecanismo de preços. A Escola Austríacos afirma que a complexidade das escolhas humanas subjetivas faz com que seja extremamente difícil (ou indecidível) a modelação matemática do mercado em evolução e defende uma abordagem laissez-faire para a economia. Economistas da Escola Austríaca defendem a estrita aplicação rigorosa dos acordos contratuais voluntários entre os agentes econômicos, e afirmam que transações comerciais devam ser sujeitas à menor imposição possível de forças que consideram ser coercivas (em particular a menor quantidade possível de intervenção do governo).
A Escola Austríaca deriva seu nome de seus fundadores e adeptos iniciais predominantemente austríacos, incluindo Carl Menger, Eugen von Böhm-Bawerk e Ludwig von Mises. Outros proeminentes economistas da Escola Austríaca do século XX incluem Henry Hazlitt, Murray Rothbard, e o ganhador do Prêmio Nobel de Economia Friedrich Hayek.Embora chamados de "austríacos", os atuais defensores da escola austríaca podem vir de qualquer parte do mundo. A Escola Austríaca foi influente no início do século XX e foi por um tempo considerada por muitos como sendo parte do pensamento econômico dominante (ou economia mainstream). Contribuições austríaca ao mainstream incluem ser uma das principais influências no desenvolvimento da teoria do valor neoclássica, incluindo a teoria do valor subjetivo em que se baseia, bem como as contribuições para o debate sobre o problema do cálculo econômico, que diz respeito à propriedades de alocação de uma economia planificada versus as propriedades de alocação de uma economia de livre mercado descentralizada. A partir de meados do século 20 em diante, foi considerada uma escola heterodoxa, e atualmente contribui relativamente pouco para o pensamento econômico dominante. No entanto, algumas afirmações de economistas da Escola Austríaca foram interpretados por alguns como avisos sobre a crise financeira de 2007-2009, que por sua vez levou ao interesse renovado em teorias da Escola.
Economistas da Escola Austríaca defendem estrita observância do individualismo metodológico, que eles descrevem como a analise da ação humana a partir da perspectiva dos agentes individuais. Economistas da Escola Austríaca argumentam que o único meio de se chegar a uma teoria econômica válida é derivá-la logicamente a partir dos princípios básicos da ação humana, um método denominado praxeologia. Este método sustenta que permite a descoberta de leis econômicas fundamentais válidas para toda a ação humana. Paralelamente a praxeologia, essas teorias tradicionalmente defendem uma abordagem interpretativa da história para abordar acontecimentos históricos específicos. Além disso, enquanto economistas freqüentemente utilizam experimentos naturais, os economistas austríacos afirmam que testabilidade na economia é praticamente impossível, uma vez que depende de atores humanos que não podem ser colocados em um cenário de laboratório sem que sejam alteradas suas possíveis ações. Economistas pertencentes ao mainstream acreditam que a metodologia adotada pela moderna economia austríaca carece de rigor científico;Os críticos argumentam que a abordagem austríaca falha no teste de falseabilidade.

Metodologia

Na literatura especializada, os ensaios de Jaffé e Streissler demonstraram que a tradição austríaca em Menger mantinha uma especificidade de conceitos e idéias de modo a não poder ser confundida com a abordagem de um William Stanley Jevons ou de um Leon Walras, nomes usualmente colocados ao lado de Menger como representantes do episódio conhecido como Revolução Marginalista. Ao processo de separação de idéias entre Jevons, Walras e Menger, Jaffé cunhou a expressão “desomogeneização” (de-homogeneized) para indicar tratar-se de três tradições distintas que se filiam a diferentes técnicas de análise e pedigrees filosóficos, e como conseqüência cada qual focaliza a Economia de um modo bem particular.
A escola austríaca baseia-se no conceito filosófico de individualismo (em oposição ao conceito de colectivismo), sendo a sua visão Aristotélica/racionalista da economia divergente das teorias económicas neo-clássicas actualmente dominantes, baseadas numa visão Platónica/positivista da economia.
A escola austríaca considera o individualismo metodológico como única fonte válida para a determinação de teorias económicas, ou seja, dada a complexidade e infinitos fatores que influenciam as decisões económicas dos vários indivíduos numa sociedade, a única forma válida de explicar essas decisões é estudar quais os princípios fundamentais que regem todas as ações humanas.
À aplicação formal do individualismo metodológico dá-se o nome de praxeologia. Esta visa definir leis económicas válidas para qualquer ação humana, ou seja, preocupa-se em analisar quais os conceitos e implicações lógicas por detrás das preferências e escolhas dos indivíduos, considerando verdadeiras apenas as leis económicas que são válidas independentemente do tempo ou lugar em que se aplicam.
A praxeologia levou à definição axiomas como, por exemplo, de que o homem age sempre com a intenção de aumentar o seu conforto ou reduzir seu desconforto, respeitando sempre uma escala ordinal de necessidades que nem sempre são objectivas ou racionais.
Utilizando o mesmo axioma, concluem alguns, que um mercado livre da influência estatal é a forma mais eficiente de suprir as diversas necessidades que surgem numa sociedade, dada, segundo esses, a incapacidade do Estado em interpretar correctamente e suprir com eficiência as necessidades em constante mutação dos diferentes indivíduos que compõem uma sociedade.
Núcleo
Individualismo Metodológico: este preceito, compartilhado pela teoria neoclássica, busca a explicação dos fenômenos econômicos na ação dos indivíduos, e não em entidades coletivas, como por exemplo faz o historicismo. Rejeita-se da mesma forma conceitos e agregados macroeconômicos que não sejam fundamentados na ação individual. A ação humana individual é o ponto de partida para a EA.
Subjetivismo Metodológico: o subjetivismo da EA não se limita as preferências do consumidor, mas parte da noção de ação humana baseada em planos individuais, que incorpora também as expectativas e o conhecimento geral dos agentes econômicos, como conjecturas empresariais. Os meios e fins dos planos individuais têm sua origem na mente dos agentes, são imaginados e definidos pelas pessoas. É um subjetivismo "espitêmico": as expectativas, o conhecimento das preferências, dos bens e as conjecturas empresariais são conhecimento falível e conjectural, imaginados pelos agentes, não sendo "dados" de antemão ao economista. A relação entre o conhecimento individual e as realidades objetivas do mercado faz parte dos problemas estudados pela EA.
Análise de Processo: os austríacos não centram sua análise nas propriedades de um estado de equilíbrio, mas sim no processo de trocas que levaria ou não a tal estado. Estuda a ação humana fora do equilíbrio. A análise de processo parte das conjecturas empresariais, cuja implementação leva a erros que surgem das ações baseadas em conhecimento imperfeito e prossegue estudando os mecanismos de correção de erros. A EA estuda a ordem espontânea do mercado, que surge da interação de indivíduos que agem conforme seus planos independentes, baseados em conhecimento imperfeito e sujeito a mudanças inesperadas.
Complexidade: A EA identifica na diversidade micro a causa fundamental de vários fenômenos econômicos. Suas teorias evitam utilizar agregados homogêneos, apontando em vez disso para as relações estruturais entre os elementos diferenciados de tais agregados: enfatiza-se a estrutura do capital em detrimento de sua quantidade total, os movimento relativos nos preços são mais importantes do que o estudo do "nível dos preços", o conhecimento e expectativas variam conforme o agente e o sistema de preços é visto como um sistema complexo de adaptação a mudanças frequentes e desconhecidas pelos agentes, formando uma ordem espontânea auto-organizável.
Heurística Positiva: orientada por estes preceitos básicos, a EA desenvolve teorias nas seguintes direções: tornar os fenômenos inteligíveis em termos de ação humana proposital, em especial o estudo de planos individuais; traçar consequências não intencionais da ação humana; lidar com as consequências da passagem do tempo e da imperfeição do conhecimento, como o estudo da inconsistência de planos; desenvolver teorias sobre a aquisiçao de conhecimento por parte dos agentes; estabelecer as condições para se admitir a existência de uma tendência ao equilíbrio; estabelecer as condições em que ocorrem desequilíbrio, como na teoria de ciclos; construir teorias com relações estruturais entre seus elementos, que dêem conta da diversidade e complexidade do fenômeno estudado.
Heurística Negativa: paralelamente a este programa positivo, os austríacos seguem regras negativas como: não construir teorias que estabeleçam relações causais entre agregados e médias, sem fazer referência a ações humanas individuais; não construir teorias nas quais as ações humanas são completamente determinadas por situações externas, negando-se alguma autonomia a mente humana; não utilizar teorias que admitem conhecimento perfeito ou optimamente imperfeito; não desconsiderar diversidade individual dos agentes e o realismo das hipóteses (rejeita-se o instrumentalismo metodológico).

Por: Msc. Idaildo Souza

Revisando a segunda atividade

Universidade Federal do Acre
Coordenação de Economia
Disciplina: ECONOMIA NEOCLÁSSICA I
Professor: MSc. Idaildo Souza da Silva

1) Com base no texto sugerido para consulta (Manual de Economia – Equipe de Professores da USP - capítulo: 3) leia as questões e responda:
a) Quais as principais críticas feitas ao sistema mercantilista?
resposta: Criticavam, em primeiro lugar, o demasiado apreço pelos metais preciosos, sendo que a riqueza de um Estado não consiste apenas em metais, mas também em outros tipos de objetos que satisfaçam à população. A outra crítica era que os formuladores de política não voltavam as suas atividades para o mercado interno, somente para o externo. capítulo: 3 - página 62
b) Para Adam Smith, qual é a causa do aumento de produtividade do trabalho? Cite suas principais conseqüências relativas ao processo produtivo.
resposta: A causa do aumento da produtividade é a divisão social do trabalho, ou seja, quanto mais especializado for o trabalhador em sua função, maior será a produtividade e a produção na qual ele está inserido. Com a divisão do trabalho, o processo produtivo ficará mais rápido, pois os trabalhadores não precisarão se deslocar de uma atividade para outra; o trabalhador executará sua tarefa com maior precisão devido à especialização e será facilitada a criação de ferramentas específicas para o uso em cada função. capítulo: 3 - página 68, 69
c) Como surge a renda da terra na concepção ricardiana?
resposta: Uma das hipóteses do modelo ricardiano é que as terras de melhor qualidade (terra 1, por exemplo) vão sendo ocupadas num primeiro instante e as de qualidade inferior posteriormente (terra2, por exemplo). Com isso, o empresário que ocupou a terra 1 terá uma taxa de lucro superior ao empresário que ocupou uma terra 2. Porém, o empresário da terra 2 percebendo este fato competirá com o empresário da terra 1 pelo uso desta, o que fará com que a renda da terra 1 se eleve e que a taxa de lucro da terra 1 caia até o patamar obtido pelo empresário da terra 2. O excedente da terra 1 continuará o mesmo, porém uma parte deste será revertida para a renda da terra. capítulo: 3 - página 77, 78
d) Para Jonh Stuart Mill, qual a diferença entre as leis da produção e da distribuição?
resposta: As leis da produção têm um caráter semelhante às leis das ciências naturais, quer dizer, são leis que atuam independentemente da vontade ou da ação humana. As leis da distribuição são leis morais ou sociais e, portanto, podem ser alteradas ou estão sujeitas à vontade ou à ação humana. Assim, é possível alterar a distribuição da riqueza numa sociedade capitalista, reduzindo o grau de desigualdade, por meio de mudanças de suas instituições. capítulo: 3 - página 83, 84
e) Segundo Marx, quando a mais-valia é gerada, quais os destinos que ela pode tomar?
resposta: Por um lado, os capitalistas podem utilizá-la no consumo pessoal e, dessa forma, o processo de produção realiza-se novamente na mesma escala anterior. Isso é chamado de reprodução simples. Por outro lado, a mais-valia (ou parte dela) pode ser acumulada, ou seja, utilizada posteriormente para expandir o processo de produção. Tem-se, então, a reprodução ampliada. capítulo: 3 - página 90, 91

2) De acordo com as idéias de Adam Smith assinale a alternativa falsa:
a) a especialização em um só produto gera um excedente de produção que pode ser trocado por outros objetos;
b) o trabalho é voltado para o mercado, local onde as trocas ocorrem;
c) o valor de troca de um produto depende do seu valor de uso;
d) o preço real de um produto equivale à quantidade de trabalho que ele comanda no mercado;
e) e. o preço nominal e o valor de troca de uma mercadoria expressa em uma quantidade de outra mercadoria.
resposta: c - capítulo: 3 - página 69, 70 - dificuldade: alta

3) Ricardo em sua teoria busca explicar:
a) a natureza e causa da riqueza;
b) a distribuição do produto entre as classes;
c) o funcionamento do comércio;
d) o processo de acumulação de riqueza;
e) n.d.a.
resposta: b - capítulo: 3 - página 77 - dificuldade: média